BRONQUIOLITE AGUDA
- Definição:
- Infecção respiratória aguda, de etiologia viral, que compromete as vias aéreas de pequeno calibre (bronquíolos), através de um processo inflamatório agudo, levando a um quadro respiratório do tipo obstrutivo com graus variáveis de intensidade. Ocorre mais frequentemente em crianças de até 1 ano de idade.
- Etiologia:
- Viral:
- Vírus Sincicial Respiratório (VSR): Mais comum em < 1 ano de idade;
- Rinovírus: Mais comum entre 1 e 2 anos de idade;
- Outros vírus:
- Parainfluenza;
- Bocavirus;
- Influenza;
- Adenovirus;
- Metapneumovirus humano.
- Quase ¼ dos casos envolvem mais de um patógeno.
- Fisiopatologia:
- Invasão do patógeno -> resposta imune:
- Degranulação de eosinófilos:
- Liberação de proteína catiônica eosinofílica que é citotóxica ao epitélio das vias aéreas.
- Liberação de IgE, quimiocinas, IL-8 e Proteína inflamatória Macrofágica.
- A resposta imune é responsável pela lesão celular;
- Patologia:
- Hiperprodução de muco;
- Broncoespasmo;
- Inflamação aguda;
- Necrose epitelial;
- Edema de mucosa desde a mucosa nasal até os bronquíolos.
- Manifestações clínicas:
- A maioria das crianças começam com sintomas típicos de infecção do trato respiratório superior e após 1-3 dias evoluem para os sintomas do trato respiratório inferior;
- Sintomas e sinais comuns:
- Sibilos;
- Estertores;
- Roncos;
- Tosse;
- Coriza;
- Taquipnéia;
- Cianose;
- Febre;
- Restrações;
- Batimento de asas nasais;
- Gemidos;
- Anorexia.
- Sintomas se resolvem em poucos dias ou persistem por 1-2 semanas ou mais naqueles com doença pulmonar subexistente.
- Diagnóstico:
- É clínico com base nos seguintes critérios:
- Idade entre 0 e 2 anos;
- Início agudo de sintomas respiratórios como coriza, tosse, espirros precedidos ou não de febre;
- Taquipnéia, com ou sem insuficiência respiratória;
- Sinais clínicos de obstrução das vias aéreas inferiores, como sibilos e expiração prolongada.
- Pontos importantes:
- A oximetria deve ser realizada para os pacientes atendidos em hospitais;
- A presença de estertores difusos à ausculta pulmonar é um achado freqüente, não sendo patognomônico de pneumonia;
- Lactentes nascidos com baixo peso, ou prematuros, podem se apresentar com apnéia.
- Exames complementares:
- Radiografia de tórax:
- Indicações:
- Quando há dúvida diagnóstica;
- Quando a evolução clínica não segue o padrão habitual;
- Para pacientes admitidos na UTI.
- Hemograma:
- Não auxilia na diferenciação entre infecções virais e bacterianas.
- Triagem para vírus respiratórios:
- deve ser solicitada para pacientes que necessitem de internação,devido a medidas de precaução (contato, gotículas ou ambas, dependendo da etiologia).
- Tratamento:
- Local de tratamento:
- Domiciliar na maioria dos casos;
- Hospitalar: Critérios de admissão:
- Sinais clínicos de insuficiência respiratória;
- Hipoxemia (<92%);
- Letargia;
- Incapacidade de ingerir líquidos;
- Considerar admissão em pacientes de alto risco:
- Lactentes jovens;
- Prematuros abaixo de 35 semanas;
- Portadores de displasia broncopulmonar;
- Cardiopatias congênitas cianogênicas ou com repercussão hemodinâmica;
- Imunodeprimidos.
- Terapia Farmacológica:
- Broncodilatadores:
- A maioria dos pacientes não se beneficia do tratamento com broncodilatadores;
- Em pacientes com sinais de desconforto respiratório pode ser feito um teste terapêutico, particularmente naqueles com antecedentes pessoais ou familiares de atopia.
- A epinefrina também pode ser utilizada,devido a sua ação alfa e beta agonista. Seu uso deve ser feito em ambiente hospitalar;
- A manutenção dessas medicações só se justifica se houver melhora clínica significativa após 30 minutos da administração da primeira dose. Sugere-se a avaliação de parâmetros objetivos, como freqüência respiratória e saturação de oxigênio;
- Não há benefício no uso de brometo de ipatrópio em pacientes com bronquiolite.
- Corticóides:
- O uso de corticoesteróides sistêmicos não é indicado no tratamento rotineiro dos pacientes com bronquiolite.
- Antimicrobianos:
- A ribavirina não deve ser utilizada no tratamento rotineiro dos pacientes com bronquiolite;
- A ribavirina pode ser utilizada em pacientes com quadros muito graves ou em portadores de imunodeficiências graves, com bronquiolite causada por vírus sincicial respiratório, mediante confirmação etiológica.
- O oseltamivir é liberado para uso em crianças acima de 1 ano de idade, e pode ser utilizado para o tratamento das infecções causadas pelo vírus Influenza em duas situações:
- Pacientes de alto risco para infecção grave;
- Pacientes saudáveis com quadro clínico grave.
- O benefício do tratamento é maior quanto mais precocemente utilizado. Se iniciado até 12 horas do início dos sintomas, diminui o tempo de duração da doença em 3 dias. Se iniciado nos primeiros dois dias, diminui a duração em 1 dia.
- Antibióticos não devem ser utilizados no tratamento de rotina da bronquiolite, exceto em infecções bacterianas documentadas. A presença de estertores faz parte do quadro clínico, e sua presença não caracteriza pneumonia bacteriana;
- A otite média aguda é a complicação bacteriana mais freqüente nos pacientes com bronquiolite, encontrada em cerca de 50% dos pacientes. O tratamento das otites agudas deve seguir a recomendação habitual, independente da presença da bronquiolite.
- Antihistamínicos, descongestionantes, antitussígenos não devem ser utilizados em pacientes com bronquiolite.
- Terapia não-farmacológia:
- Oxigênio: Pacientes com sinais de insuficiência respiratória devem receber oxigênio a fim de manter a saturação de oxigênio acima de 92%, e o mesmo deve ser retirado gradualmente, até que a saturação esteja consistentemente acima de 94% em ar ambiente.
- Critérios de alta hospitalar:
- Sem necessidade de oxigênio – Saturação estável acima de 94% em ar ambiente por mais que 12 horas;
- Ingesta via oral acima de 75% do basal.
- Prevenção:
- Medidas gerais:
- Incentivo ao aleitamento materno;
- Evitar tabagismo passivo;
- Lavagem das mãos;
- Condutas específicas:
- Vacinação contra o vírus influenza;
- Uso profilático de osetalmivir nas seguintes situações:
- Crianças de alto risco não vacinadas, ou vacinadas que não tiveram tempo de desenvolver a resposta imune;
- Contactantes não vacinados de crianças de alto risco;
- Portadores de imunodeficiência;
- Controle de surtos em instituições fechadas;
- Imunoglobulina hiperimune contra o vírus sincicial respiratório:
- Menores de um ano nascidos prematuros abaixo de 28 semanas;
- Menores de dois anos de idade portadores de:
- Cardiopatias congênitas cianóticas;
- Cardiopatias com hipertensão pulmonar grave;
- Cardiopatias com repercussão hemodinâmica (em uso de medicação);
- Doença pulmonar crônica da prematuridade em uso de terapia medicamentosa nos 6 meses que antecedem a estação de pico (outono e inverno).
- A posologia é de 5 doses mensais (a cada 30 dias) de 15mg/kg via intramuscular.
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