quarta-feira, 22 de maio de 2013

Bronquiolite aguda - Resumo


BRONQUIOLITE AGUDA


  • Definição:
    • Infecção respiratória aguda, de etiologia viral, que compromete as vias aéreas de pequeno calibre (bronquíolos), através de um processo inflamatório agudo, levando a um quadro respiratório do tipo obstrutivo com graus variáveis de intensidade. Ocorre mais frequentemente em crianças de até 1 ano de idade.
  • Etiologia:
    • Viral:
      • Vírus Sincicial Respiratório (VSR): Mais comum em < 1 ano de idade;
      • Rinovírus: Mais comum entre 1 e 2 anos de idade;
      • Outros vírus:
        • Parainfluenza;
        • Bocavirus;
        • Influenza;
        • Adenovirus;
        • Metapneumovirus humano.
      • Quase ¼ dos casos  envolvem mais de um patógeno.
  • Fisiopatologia:
    • Invasão do patógeno -> resposta imune:
      • Degranulação de eosinófilos:
      • Liberação de proteína catiônica eosinofílica que é citotóxica ao epitélio das vias aéreas. 
      • Liberação de IgE, quimiocinas, IL-8 e Proteína inflamatória Macrofágica.
    • A resposta imune é responsável pela lesão celular;
  • Patologia:
    • Hiperprodução de muco;
    • Broncoespasmo;
    • Inflamação aguda;
    • Necrose epitelial;
    • Edema de mucosa desde a mucosa nasal até os bronquíolos.
  • Manifestações clínicas:
    • A maioria das crianças começam com sintomas típicos de infecção do trato respiratório superior e após 1-3 dias evoluem para os sintomas do trato respiratório inferior;
    • Sintomas e sinais comuns:
      • Sibilos;
      • Estertores;
      • Roncos;
      • Tosse;
      • Coriza;
      • Taquipnéia;
      • Cianose;
      • Febre;
      • Restrações;
      • Batimento de asas nasais;
      • Gemidos;
      • Anorexia.
    • Sintomas se resolvem em poucos dias ou persistem por 1-2 semanas ou mais naqueles com doença pulmonar subexistente.
  • Diagnóstico:
    • É clínico com base nos seguintes critérios:
      • Idade entre 0 e 2 anos;
      • Início agudo de sintomas respiratórios como coriza, tosse, espirros precedidos ou não de febre;
      • Taquipnéia, com ou sem insuficiência respiratória;
      • Sinais clínicos de obstrução das vias aéreas inferiores, como sibilos e expiração prolongada.
    • Pontos importantes:
      • A oximetria deve ser realizada para os pacientes atendidos em hospitais;
      • A presença de estertores difusos à ausculta pulmonar é um achado freqüente, não sendo patognomônico de pneumonia;
      • Lactentes nascidos com baixo peso, ou prematuros, podem se apresentar com apnéia.
  • Exames complementares:
    • Radiografia de tórax:
      • Indicações:
        • Quando há dúvida diagnóstica;
        • Quando a evolução clínica não segue o padrão habitual;
        • Para pacientes admitidos na UTI.
    • Hemograma:
      • Não auxilia na diferenciação entre infecções virais e bacterianas.
    • Triagem para vírus respiratórios:
      • deve ser solicitada para pacientes que necessitem de internação,devido a medidas de precaução (contato, gotículas ou ambas, dependendo da etiologia).
  • Tratamento:
    • Local de tratamento:
      • Domiciliar na maioria dos casos;
      • Hospitalar: Critérios de admissão:
        • Sinais clínicos de insuficiência respiratória;
        • Hipoxemia (<92%);
        • Letargia;
        • Incapacidade de ingerir líquidos;
        • Considerar admissão em pacientes de alto risco:
          • Lactentes jovens;
          • Prematuros abaixo de 35 semanas;
          • Portadores de displasia broncopulmonar;
          • Cardiopatias congênitas cianogênicas ou com repercussão hemodinâmica;
          • Imunodeprimidos.
    • Terapia Farmacológica:
      • Broncodilatadores:
        • A maioria dos pacientes não se beneficia do tratamento com broncodilatadores;
        • Em pacientes com sinais de desconforto respiratório pode ser feito um teste terapêutico, particularmente naqueles com antecedentes pessoais ou familiares de atopia.
        • A epinefrina também pode ser utilizada,devido a sua ação alfa e beta agonista. Seu uso deve ser feito em ambiente hospitalar;
        • A manutenção dessas medicações só se justifica se houver melhora clínica significativa após 30 minutos da administração da primeira dose. Sugere-se a avaliação de parâmetros objetivos, como freqüência respiratória e saturação de oxigênio;
        • Não há benefício no uso de brometo de ipatrópio em pacientes com bronquiolite.
      • Corticóides:
        • O uso de corticoesteróides sistêmicos não é indicado no tratamento rotineiro dos pacientes com bronquiolite.
      • Antimicrobianos:
        • A ribavirina não deve ser utilizada no tratamento rotineiro dos pacientes com bronquiolite;
        • A ribavirina pode ser utilizada em pacientes com quadros muito graves ou em portadores de imunodeficiências graves, com bronquiolite causada por vírus sincicial respiratório, mediante confirmação etiológica.
        • O oseltamivir é liberado para uso em crianças acima de 1 ano de idade, e pode ser utilizado para o tratamento das infecções causadas pelo vírus Influenza em duas situações:
          • Pacientes de alto risco para infecção grave;
          • Pacientes saudáveis com quadro clínico grave.
          • O benefício do tratamento é maior quanto mais precocemente utilizado. Se iniciado até 12 horas do início dos sintomas, diminui o tempo de duração da doença em 3 dias. Se iniciado nos primeiros dois dias, diminui a duração em 1 dia.
        • Antibióticos não devem ser utilizados no tratamento de rotina da bronquiolite, exceto em infecções bacterianas documentadas. A presença de estertores faz parte do quadro clínico, e sua presença não caracteriza pneumonia bacteriana;
        • A otite média aguda é a complicação bacteriana mais freqüente nos pacientes com bronquiolite, encontrada em cerca de 50% dos pacientes. O tratamento das otites agudas deve seguir a recomendação habitual, independente da presença da bronquiolite.
      • Antihistamínicos, descongestionantes, antitussígenos não devem ser utilizados em pacientes com bronquiolite.
    • Terapia não-farmacológia:
      • Oxigênio: Pacientes com sinais de insuficiência respiratória devem receber oxigênio a fim de manter a saturação de oxigênio acima de 92%, e o mesmo deve ser retirado gradualmente, até que a saturação esteja consistentemente acima de 94% em ar ambiente.
    • Critérios de alta hospitalar:
      • Sem necessidade de oxigênio – Saturação estável acima de 94% em ar ambiente por mais que 12 horas;
      • Ingesta via oral acima de 75% do basal.
  • Prevenção:
    • Medidas gerais:
      • Incentivo ao aleitamento materno;
      • Evitar tabagismo passivo;
      • Lavagem das mãos;
    • Condutas específicas:
      • Vacinação contra o vírus influenza;
      • Uso profilático de osetalmivir nas seguintes situações:
        • Crianças de alto risco não vacinadas, ou vacinadas que não tiveram tempo de desenvolver a resposta imune;
        • Contactantes não vacinados de crianças de alto risco;
        • Portadores de imunodeficiência;
        • Controle de surtos em instituições fechadas;
      • Imunoglobulina hiperimune contra o vírus sincicial respiratório:
        • Menores de um ano nascidos prematuros abaixo de 28 semanas;
        • Menores de dois anos de idade portadores de:
          • Cardiopatias congênitas cianóticas;
          • Cardiopatias com hipertensão pulmonar grave; 
          • Cardiopatias com repercussão hemodinâmica (em uso de medicação);
          • Doença pulmonar crônica da prematuridade em uso de terapia medicamentosa nos 6 meses que antecedem a estação de pico (outono e inverno).
        • A posologia é de 5 doses mensais (a cada 30 dias) de 15mg/kg via intramuscular.
Questões de revisão

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